Espelho desabitado

Pensando no etéreo da vida
Sobre as belezas que não se condicionam
Percebo-me entorpecida de uma lucidez que traz consigo a solidão

Mesmo sóbria, despida de ilusões,
Devo confessar:
Meus olhos ainda buscam os seus
Mas, como em um quarto escuro,
Eu não te encontro

Observo o silêncio
Pois o tempo parou nesse instante
E o reflexo no espelho
Já não demonstra qualquer vestígio de entusiasmo

Se eu tivesse um último pedido
Gostaria de entender nossa conexão
Sob o alívio de outra taça de vinho
Ouvir os absurdos que ficaram por dizer,
E finalmente silenciar antigos anseios

Diante de você,
Talvez eu não corra
Talvez eu ignore o medo
O pavor que sinto em qualquer resquício emergente
De perda de controle sobre mim
Mas sinceramente, meu bem, me questiono se desde você
Em algum momento tomei as rédeas dos meus desejos
Sem que houvesse sua sombra

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